O ano era
1976. Cursava o 1° científico. A turma era composta por adoráveis bagunceiros, eu
inclusive. A Professora Sylvia nos dava aulas de Português e a querida Dª Eliane, aulas
de Redação. Um belo dia a tia Sylvia faltou e fomos quase todos para o pátio bater
papo. Eu, Alceu, acho que o André Bevilaqua e mais alguns fomos para o pátio dos fundos
jogar ping-pong.
Faltando mais ou menos uns 20 minutos para o término do que seria um tempo vago forçado,
aparece a Dª Norma, perguntando por que não estávamos em sala...
Dª. Eliana, na ausência da tia Sylvia, resolvera aplicar uma redação valendo nota, com
um esquema tipo vestibular. Cada aluno recebia uma etiqueta
numerada para que não se soubesse de quem era a redação até a entrega das notas.
Corremos para a sala, recebi minha folha de prova e etiqueta numerada. Havia 3 temas para
a redação, entre eles, a febre das discotecas. Foi esse que escolhi. Na época, eu e um
outro colega disputávamos o mercado de venda de fitas
mixadas e para mim era muito fácil discorrer sobre o assunto. Acabei me empolgando com o
tema e o tempo curto não me permitiu terminar a redação. Lá se foi ela, sem
conclusão.
Na semana seguinte, chega Dª Eliana com as notas. O critério era o do vestibular, por
letras, notas crescentes. Deficiente, Regular, Bom, A (sei lá de que, mas era a máxima).
Começa a distribuição. Ela ia cantando os números das etiquetas e as notas e as
pessoas iam se levantando...
N° w... R, n° x... B, n° y... B, n° z... A,... Até chegar o meu.
N° n... Apesar de não ter concluído a redação, disse ela, A.
Caramba! pensei e levantei todo contente. Aí ela olhou para mim e disse: "Ah, é
você?" rasurou e tascou um B. Ainda tentei argumentar mas não teve jeito. Podia
virar um R...
Tive que rir. Gostava dela assim mesmo. Sempre que a encontro na rua faço questão de
cumprimentá-la. E ela sempre pergunta: "Você fez Direito não é?" e eu
respondo: Não Dª Eliana, sou Analista de Sistemas.
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