O ano foi
1985, estávamos no 1º ano do científico (2º grau para os mais novos...) e como todo
mundo sabe o Ney é mineiro de uma pequena cidade chamada Ervália (perto de Viçosa).
Naquele ano ele organizou uma excursão para a sua cidade natal e demais cidades
adjacentes (Ouro Preto, Viçosa e Mariana). Foram aproximadamente 80 alunos (dois ônibus)
passar o final de semana sob o seu comando e ajudado pelo não menos polêmico Nivaldo.
A primeira parada foi na própria cidade de Ervália, onde já estava combinado um
joguinho amistoso de volei feminino e futebol masculino entre os times do Franco e de
adolescentes da cidade. E que por sinal, foi o motivo da história.
Imaginem o que foi a chegada de um ônibus do Rio de Janeiro em uma pequena cidade de
Minas Gerais. Pois naquela ocasião foram dois ônibus...Eu acredito que toda a
cidade estava reunida naquela pequena quadra de esportes.
Na preliminar as meninas começariam jogango enquanto que os meninos estavam responsáveis
pelo samba. E eu já estava me encaminhando para o reco-reco quando ao passar
ao lado da rede da quadra de volei, recebo um apito na minha mão e sabe de quem????
Pois é, do Nivaldo que passou-me o "mico-preto"...
Pois bem, comecei a apitar o jogo com aquela já prevista torcida contra...
Resultado: as meninas perderam o jogo para a alegria da maioria da torcida e do juiz do
jogo masculino. Um nativo com 50 anos com grande influência naquela sociedade (algo
semelhante ao Eurico Miranda).
Então começou o jogo dos rapazes. Cabem aqui dois comentários para que você possa
perceber o clima do jogo: o juiz beneficiava claramente o "seu" time da casa;
este time adversário era composto de estudantes que aparentavam ser do supletivo (pela
tamanho e pela idade).
Com alguns minutos de jogo, a disputa me lembrava muito futebol (americano é
claro). Depois de alguns lances desfavoraveis para o nosso lado, entrou no time o
Paulo Cavalo que não jogava muito bem, mas era grande. No seu primeiro lance ele
fez uma falta que faria justiça à tônica do jogo: nosso time apanhando.
E o tempo fechou: foi uma pancadaria generalizada onde os únicos que tentavam apartar a
briga eram o Ney e o Nivaldo. Até que no meio da confusão o Nivaldo que tentava a
paz, levou um tabefe no rosto que chegou a estalar. E o grande Nivaldo de apaziguador
passou a ser o maior boxer que eu já vi: distribuiu muito tapa e alguns socos
beneficiados pela sua altura e "know-how" da Mangueira.
Depois de alguns minutos de briga veio a trégua. Rapidamente o Ney ordenou para irmos
embora naquele instante, afinal o cerco estava se fechando contra nós ( em minoria
absotuta). E os ônibus foram saindo pela rua principal da cidade sob os olhos
raivosos de toda a população ervaliense.
Acredito que depois deste episódio o Ney tenha voltado na sua terra-natal com um grande
disfarce para não ser reconhecido. E nós ficamos com uma excelente impressão da
receptividade mineira.
Um grande beijo saudoso à todos que vivenciaram esta história comigo. E um
abraço espiritual ao saudoso Nivaldo, que além de professor era um grande amigo.
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