Parece que
foi ontem, tão vivas permanecem as recordações. No entanto, trinta anos se passaram.
Bem me lembro daquela manhã de outubro de 1968. O AI-5 se avizinhava. Nem de longe
supunha que começava uma história de amor profundo, me unindo ao Franco-Brasileiro.
Quantas alegrias vividas... Quantas emoções sentidas...
Quantas lágrimas derramadas... De alegria e de dor...
Que saudades dos que se foram!
Muitos dos que estão lendo estas linhas não sabem quão difícil era ser professor
durante a ditadura militar. Principalmente após o AI-5, de 13 de dezembro de 1968, quando
a tortura foi institucionalizada e as liberdades públicas e individuais ficaram sujeitas
à sanha da repressão militar.
O controle era feroz, especialmente sobre os que trabalhavam com a mais política das
ciências: a História.
Pensar em termos sociais e críticos tornou-se sinônimo de subversão.
Mesmo assim, nunca abrimos mão do nosso papel de educador. Para nós, educação é
formação de consciência crítica, sobretudo no conhecimento da realidade brasileira em
suas conexões com sociedades dominantes atuais.
Para nós, pouco importava transmitir conhecimento mediante enumeração de nomes, datas,
batalhas... Isso não é História com agá maiúsculo.
E a direção do Franco-Brasileiro - estivesse ela nas mãos da professora Eliana ou, como
hoje, com a Professora Celuta - nunca interferiu no meu trabalho. Nunca fui advertido por
minha atuação em sala de aula, inclusive durante a ditadura militar. Foram anos e anos
de luta. De construção. De amor. De carinho.
Hoje estou afastado da sala de aula, o que tem sido um martírio.
Nessa oportunidade seria imperdoável omitir alguns momentos vividos: a prisão em
quartéis e o processo durante a ditadura militar, a morte de um filho, o comando da greve
da categoria em plena ditadura, as internações na UTI...
E nessas traumáticas vivências, o Franco sempre esteve comigo. Professores, alunos,
funcionários, me deram apoio, carinho, compreensão, amor...
Afinal, o Franco é parte da minha vida!
Um beijo para vocês.
A resposta do Prof. Aquino à "Uma
História de Amor" é , para quem não sabe, um depoimento sobre o difícil período
da ditadura militar em que viviamos naquele momento, e dos sacrifícios e desrespeitos aos
quais ele
foi submetido pelo regime, e do apoio que teve de Da. Eliana.
No entanto, não posso deixar de registrar aqui uma outra resposta à "História de
Amor" que veio como dedicatória no Livro "Um sonho de Liberdade - A
conjuração de Minas" escrito por ele , Marcos Antônio Bello e Gilson M.
Domingues, Ed. Moderna-1998, a mim presenteado no dia 27 de maio passado, no nosso
reencontro , na palestra que ministrou naquele nosso querido e lotado auditório.
Diz a dedicatória:
Para você, Itamara,
com todo carinho do seu velho professor, a quem você tem proporcionado muitas alegrias.
Afinal, faz quase 31 anos que entrei em sua sala no querido Franco Brasileiro.
Um beijão do Aquino
Rio, 27.5.99"
Não poderia deixar de registrar esta resposta, pois como eu, tenho certeza que muitos
outros aprenderam muito com o prof. Aquino e todos os outros professores que fizeram de
nós o que somos hoje.E além do mais, o Prof. Aquino não é meu velho professor, mas
ainda o meu professor.
Um grande abraço,
Itamara Scaini
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