Anv.gif (6074 bytes) Do: CC(FN) Renato
Ao: Companheiros da NORED

O trabalho abaixo foi enviado à Diretoria de Aeronáutica da MB para que fosse publicado na Revista da Aviação Naval, em 1997. Sofreu correções ao longo do tempo, mas ainda não foi publicado por falta de verba da DAerM para a impressão (são 2 por ano e só tem saído uma edição) e por falta de espaço, visto que o artigo é extenso. A intenção é publicá-lo na íntegra, sem cortes, para que não perca a consistência, tornando-se assim objeto de reflexão dos leitores, em especial os aviadores navais, motivo pelo qual ora exponho o presente trabalho.

PROPOSTAS:

DE ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA PARA ESQUADRÕES DE EMPREGO GERAL E DE UMA ALTERNATIVA PARA A MELHORIA NOS SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO DE AERONAVES

Desde a sua criação,a Aviação Naval estabeleceu como base de organização administrativa a estrutura departamental para todas as suas unidades. Sabe-se que a adoção deste tipo de organização foi concebida a exemplo daquela utilizada em navios, por ser considerada adequada na ocasião, permanecendo até hoje.

Como este trabalho possui, em sua essência, propostas de mudanças na organização administrativa de algumas de nossas unidades aéreas,é conveniente que relembremos conceitos de alguns dos tipos de organização para um melhor entendimento sobre o assunto que será aqui abordado.Assim, destacaremos os três tipos tradicionais,segundo Idalberto Chiavenato em sua obra "Introdução à Teoria Geral da Administração",quais sejam: organização linear, organização funcional e organização linha-staff (linha-estado maior),que raramente são encontradas em seu estado puro,mas sim combinadas umas com as outras.Vejamos,pois,as características principais de cada uma delas.

A organização linear é também chamada de escalar, vertical ou militar, constitui a forma estrutural mais simples e antiga.A denominação linear diz que entre superior e subordinado, existem linhas diretas e únicas de autoridade e responsabilidade.É uma organização simples, que favorece a disciplina.Em contrapartida,possui uma inerente rigidez estrutural e à medida que há o crescimento da instituição, acentua-se a já característica centralização do controle.

A organização funcional apareceu com o aumento da diversidade do trabalho a ser executado.Aplica o princípio da especialização das funções para cada tarefa,que separa, distingue e especializa. Caracteriza-se em uma autoridade baseada na especialização, havendo comunicações em todos os níveis e decisões descentralizadas em cada escalão. Proporciona a especialização nos diversos cargos,permitindo a melhor supervisão técnica possível. Com o aumento das especializações, nasce informalmente uma subordinação múltipla,que cada membro é obrigado a conviver dentro do seu nível,causando confusões do tipo: " A quem vou me reportar?"

A organização linha-staff, de forma geral, é o resultado da combinação dos tipos linear e funcional. Segundo MacDowell Miranda, em "Organização e Métodos",este modelo de organização tem como elemento identificador a existência de estado-maior destinado ao exercício das funções de pesquisa e planejamento. "O staff é a organização formada para o pensamento, é a autoridade de idéias , é o orientador e guia dos executores".Comprovou-se que a linha-staff mantém o importante princípio da autoridade única , facilitando a cooperação,a coordenação e o controle, além de favorecer a especialização no que se refere à execução e ao planejamento.

Segundo Chiavenato, o tipo de estrutura organizacional a qual mais se assemelham os esquadrões é a chamada departamentalização funcional ,que na realidade é uma mescla da organização linear com a funcional, caracterizando-se pela maior utilização de pessoas especializadas e recursos, sendo adequada para atividades continuadas e rotineiras,porém de pequena cooperação interdepartamental, sendo contra-indicada para circunstâncias imprevisíveis e mutáveis.

À luz dos conceitos da teoria de administração acima evidenciados e após sete anos servindo no EsqdHU-2, concluo que a estrutura departamental é ainda satisfatória, porém possui embutidas características de estanqueidade que por vezes acarretam prejuízos de coordenação interna tornando-se então carente como tipo de organização administrativa. Daí, penso que deveríamos ter uma organização que nos oferecesse facilidades na execução das atividades por nós exercidas, devido principalmente à quantidade de missões hoje alocadas aliadas ao volume da "papelada" atinente ao trabalho cotidiano.

De acordo com o relatado e fruto das experiências colhidas através de alguns anos, segue-se uma proposta de estrutura de estado-maior para o EsqdHU-2, elaborada com o propósito de aumento de coordenação e controle das nossas atividades na condução do planejamento das operações e dos afazeres do dia-a-dia, a fim de permitir maiores integração e dedicação de todos no estudo e conhecimento do emprego das aeronaves do esquadrão, bem como contribuir para o aumento da segurança nas operações aéreas..

Quanto aos outros Esquadrões de Emprego Geral (HU-1,HU-3,HU-4 e HU-5), similar organização creio que possa ser implementada em conformidade com a finalidade e com o "modus operandi" de cada uma destas unidades.Em relação aos HA-1 e HS-1, pouco posso inferir se uma organização de estado-maior seria benéfica ou não,porém não exime que estudos possam ser feitos para se chegar a uma conclusão.

Consideraremos o esquadrão dividido em cinco Seções de Estado-Maior e nomearemos de Sub-seções as suas respectivas sub-divisões.

ESQDHU-2

CMT

IMTO

Seção de Adm

Pessoal
Svç Gerais
Informática

Seção de Ope

Comunicações
Apoio ao ComemCh Apoio ao CFN
Apoio Distrital Adest./Inst.de Vôo Adest.Terrestre
Informações de Vôo

Seção de Logística

Material Mnt
Material Sbv
Suprimentos

Seção de Mnt ANV

Insp./Reparos
Ligação Mnt 
Seção de Segurança Av

Estatística e Divulgação
Medicina de Aviação

* Obs: Os encargos colaterais(Rel.Públicas,Secretário,etc) não foram acima assinalados, mas creio que não seja necessário alterar o que hoje vigora.

Atribuições

Com esta organização implantada,ficariam assim definidas as atribuições de cada Seção e Sub-seção:

Seção de Operações

Idem ao atual Departamento de Operações

Sub-seção Comunicações

Idem à atual Divisão de Comunicações

Sub-seção de Apoio ao ComemCh

Esta Sub-seção seria responsável pelo planejamento do emprego das aeronaves na execução de operações de Controle de Área Marítima(CAM), das operações e adestramentos com os navios da Esquadra (pick-up, vertrep, OTHT,etc) e de transporte administrativo/VIP,bem como nas pesquisas afetas ao aprimoramento do cumprimento de outras operações e adestramentos afins.

Sub-seção de Apoio ao CFN

Esta Sub-seção seria responsável pelo planejamento do emprego das aeronaves na execução de Operações Anfíbias e Ribeirinhas e também nos adestramentos pertinentes ao Corpo de Fuzileiros Navais, bem como nas pesquisas afetas ao aprimoramento do cumprimento de outras operações e adestramentos afins.

Sub-seção de Apoio Distrital

Esta Sub-seção seria responsável pelo planejamento do emprego das aeronaves na execução de operações e adestramentos que envolvam os GERR-MEC , GERR-OPESP e operações SAR, bem como nas pesquisas afetas ao aprimoramento do cumprimento de outras operações e adestramentos afins.

Sub-seção de Adestramento/Instrução de Vôo

Esta Sub-seção seria responsável pelo planejamento do emprego das aeronaves na execução da qualificação de PQM ( Piloto Qualificado no Modelo), que compreende os vôos dos Estágios Alfa e Bravo,da obtenção, manutenção, controle e revalidação do CVI(Cartão de Vôo por Instrumentos) de todos os pilotos do esquadrão e dos pilotos "asa", bem como controlar e manter as qualificações destes últimos, da obtenção e da manutenção da qualificação operativa de Transição Automática Noturna, além de exercer o controle de todas as qualificações operativas de pilotos,planejar e controlar as qualificações de supervisores e fiéis e também cooperar com as outras sub-seções da Seção de Operações na pesquisa do aprimoramento dos adestramentos em geral.

 Sub-seção de Adestramento Terrestre

Esta Sub-seção seria responsável pelo planejamento,execução e controle do adestramento terrestre de todos os setores do esquadrão,no tocante à elaboração do Detalhe Semanal de Adestramento (DSA) , ao cumprimento do PAD - ForAerNav e PGAD-ComemCh, ambos da parte do adestramento terrestre e ao curso de Ground School e também pelo planejamento e controle dos Requisitos Mínimos de Segurança(RMS)-Sobrevivência no Mar, Sobrevivência na Selva e UTEPAS- de todos os aeronavegantes, além de cooperar com as outras sub-seções da Seção de Operações no aprimoramento do adestramento terrestre.

Sub-seção de Informações de Vôo

Esta Sub-seção seria responsável por prover e atualizar todas as publicações aeronáuticas necessárias ao cumprimento das operações do esquadrão,por manter o registro e auxiliar na elaboração das "Instruções aos Pilotos" de acordo com informações emanadas das outras sub-seções, por manter arquivos de fotografias , slides ,siluetas de navios e outras informações de interesse ao cumprimento das missões do esquadrão,por divulgar e atualizar informações atinentes ao Nível de Operação e Classe de Apoio de navios e helipontos e suas legislações afins,por manter estreito contato com a BAeNSPA quanto à obtençào de informações meteorológicas e de controle de tráfego aéreo e por controlar e atualizar os lançamentos nas Cadernetas de Vôo de todos os aeronavegantes do esquadrão, além de cooperar com as outras sub-seções da Seção de Operações na obtenção, registro, divulgação e atualização das informações de vôo.

Seção de Logística

Esta Seção seria responsável por prover material de manutenção,de sobrevivência e de uso geral para o esquadrão, além de acompanhar e planejar a utilização da verba de manutenção de aeronaves.

Sub-seção de Material de Manutenção de ANV

Idem à atual Divisão de Material. Caberia aí um estudo criterioso dos tipos e quantitativos de ítens de material a serem armazenados no Paiol de Pronto Uso(PPU),de modo que esta sub-seção tivesse condições de fornecer o material necessário apenas ao cumprimento de inspeções/reparos que seriam realizados pela Sub-seção de Inspeções e Reparos.

Sub-seção de Material de Sobrevivência

Idem à atual Divisão de Sobrevivência

Sub-seção de Suprimentos

Idem à atual Divisão de Suprimentos, acrescidas de manter o acompanhamento do planejamento da utilização da verba de manutenção de aeronaves, junto à OM responsável por este planejamento.

 Seção de Manutenção de Aeronaves

Esta seção seria responsável por prover o pessoal necessário(supervisor e fiel de aeronave) para a realização de inspeções e reparos,bem como prover pessoal para acompanhamento de inspeções programadas e de reparos não cobertos pela Sub-seção de Inspeções e Reparos,junto à OM responsável por realizar estes reparos e inspeções.

Sub-seção de Inspeções e Reparos

Esta Sub-seção seria responsável pela realização de inspeções APV(antes do primeiro vôo), EV(entre vôos) e AUV (após o último vôo) e pequenos reparos e pela configuração das aeronaves para missão, sendo totalmente suprida de material pela Sub-seção de Material de Sobrevivência,pela Sub-seção de Material de Manutenção e de pequena parte pelo Depósito Naval de São Pedro d’Aldeia (DepNavSPA), cabendo aí novo estudo sobre que tipos de material estariam à disposição do esquadrão naquela OM para que esta Sub-seção pudesse cumprir a contento as suas tarefas.

Sub-seção de Ligação de Manutenção

Esta Sub-seção seria responsável por manter estreito contato com a OM executante das inspeções programadas e reparos não cobertos pela Sub-seção de Inspeções e Reparos no acompanhamento e no controle dos limites calendáricos e horários destas inspeções, por manter informada a OM acima das necessidades de pessoal e material para o cumprimento de missões e das necessidades de execução de reparos para prontificação de aeronaves ,por planejar e controlar conjuntamente com aquela OM o Curso Expedito de MANPUMA(Manutenção de Super Puma), bem como na assessoria de quaisquer fainas de manutenção de aeronaves.

Seção de Administração

Esta Seção e suas Sub-seções não sofreriam nenhuma alteração sobre suas atribuições em relação às suas análogas atuais no esquadrão.Vale lembrar que a atual Divisão de Suprimentos passou a ser Sub-seção de Suprimentos com subordinação à Seção de Logística.

Seção de Segurança de Aviação

Esta seção seria responsável por implantar e manter a doutrina de Segurança de Aviação na OM de acordo com as normas vigentes, assessorando o Comandante e estabelecendo também estreitos contatos com outras unidades aéreas da MB,EB e FAB sobre assuntos atinentes à segurança de aviação.

Sub-seção de Estatística e Divulgação

Esta Sub-seção seria responsável pela elaboração e controle das estatísticas de Acidentes/Incidentes Aeronáuticos, Acidentes de Pista e Relatórios de Perigo(RP) da OM e destes mesmos documentos porventura enviados por outras OM ,bem por emitir pareceres , recomendações e divulgação dos RP da OM no esquadrão e fora dele, por manter adestrado o seu pessoal em segurança de aviação,o que envolve a solicitação de cursos afetos à segurança de aviação em OMs da MB e extra MB, além de manter uma sólida mentalidade de segurança de aviação em toda a tripulação, expressa por uma disciplina consciente em prevenção de acidentes aeronáuticos, por meio de palestras a bordo ou quando embarcado, promovendo concursos sobre temas ligados à segurança de aviação, etc.

Sub-seção de Medicina de Aviação

Esta Sub-seção seria responsável por manter o acompanhamento junto à Junta de Saúde para Aeronavegantes(JSAE) de todos os aeronavegantes do esquadrão, realizando o controle das inspeções destes militares, por desenvolver em todos uma mentalidade de prevenção de saúde, bem como por assessorar o Comandante em todos os assuntos afetos à saúde do aeronavegante do esquadrão.

Qual a OM que seria a responsável pela realização de grandes inspeções e reparos nas aeronaves do esquadrão?

Se os caros leitores desejam saber a resposta, não desistam! Prossigam !

O que muda na prática?

Conforme já devem ter percebido, todo ou quase todo o esforço do esquadrão foi "vetorado" para a pesquisa e realização de operações e adestramentos ,ou seja, para a sua atividade fim.

Primeiramente, valho-me dizer que não é objeto deste trabalho a perda da experiência de manutenção de nossas aeronaves pelo esquadrão. Como sabemos, são homens que cultivam esta experiência e não deixarão de exercer as suas indispensáveis atividades técnicas e que demandam um considerável tempo de aprendizado, todavia a maioria destes militares continuará a executá-las em outra OM , trocando aquele "calor" com o nosso pessoal , como veremos adiante.

Quando disse que o esforço do esquadrão foi direcionado para o cumprimento de suas operações e adestramentos específicos, o que não deixa de ser a atividade fim do HU-2, queria dizer que haveria um maior quantitativo de pessoal envolvido no estudo, planejamento e execução das nossas operações e adestramentos e que certamente teriam mais tempo nestas atividades, uma vez que foram melhor definidas.

Posso ainda acrescentar que as sub-seções da Seção de Operações possuirão os seus arquivos específicos, o que viria a facilitar a organização da "memória" das operações do esquadrão.

Alguns assuntos poderiam ser "interseção" de duas ou mais sub-seções, cabendo ao Chefe da Seção de Operações decidir qual a responsável por eles. Exemplo: A manutenção da qualificação operativa F-1 (Pouso a bordo no NAeL Minas Gerais) seria responsabilidade de qual sub-seção? Uma solução adequada seria atribuir esta responsabilidade à Sub-seção de Apoio ao ComemCh, porém estando o controle das qualificações a cargo da Sub-seção de Adestramento/Instrução de Vôo seria imperativo que esta sub-seção fosse alimentada pela primeira de informações referentes à qualificação F-1,fazendo com que estas informações sejam do conhecimento das duas sub-seções. Eis aí um exemplo prático de supressão de estanqueidade.

Com respeito à problemática da escalação de vôo, cada sub-seção teria embutido o seu próprio "Encarregado da Divisão de Vôo" que iria escalar, dentro da sua "área de responsabilidade", os oficiais para as operações e adestramentos, obrigando todas as sub-seções ao estabelecimento de uma estreita ligação entre elas.

Em relação à manutenção de aeronaves, as inspeções e reparos de grandes natureza e duração não mais seriam realizados pelo esquadrão. A Seção de Manutenção se encarregaria das "pequenas" fainas, enquanto que os reparos e inspeções ditos acima seriam executados por outra OM: o Esquadrão de Manutenção de Aeronaves.

Prezados leitores, peço que não se assustem e continuem.

Esquadrão de Manutenção de Aeronaves

De acordo com o que foi relatado anteriormente, é nesta nova OM que os militares especializados(MV,SV e VN) do esquadrão passarão a servir e a cumprir os reparos e inspeções maiores, a exemplo do Esquadrão de Suprimentos e Manutenção(ESM), nas Bases Aéreas da FAB.Com certeza, os atentos leitores irão se perguntar:"- Criar uma nova OM? Será que seria proveitoso para a Aviação Naval?" Para responder estas perguntas vejamos, de início, a situação atual.

O Departamento de Manutenção da BAeNSPA tem sua organização administrativa pautada na estrutura departamental, sob a forma de gerências. A falta de pessoal qualificado em cada gerência para atender ao propósito de realizar inspeções e reparos de grande porte em prazos pré-estabelecidos é o principal fator contribuinte para o atraso na prontificação das aeronaves, especialmente quando há mais de uma aeronave do mesmo tipo sofrendo estes reparos/inspeções .

Com a efetivação do Esquadrão de Manutenção de Aeronaves, todos os reparos e inspeções acima mencionados das aeronaves sediadas na BAeNSPA seriam a sua finalidade. O Departamento de Manutenção de Aeronaves da BAeNSPA seria extinto e as suas instalações serviriam para a implantação deste novo esquadrão, ficando o mesmo diretamente subordinado ao Comando da Força Aeronaval.

Como vantagens, vislumbro que o produto final de manutenção de nossas aeronaves seria melhor alcançado: a melhoria na qualidade dos serviços, com o aumento de mão-de-obra qualificada genuinamente embarcada neste esquadrão. Penso também que outros setores da MB constatariam a importância real da criação desta OM, fato que poderia ser decorrente da concretização da elaboração de uma política de manutenção de nossas aeronaves, mediante estudos que seriam desenvolvidos com todas as OM do Complexo Aeronaval ,visando a atender com a presteza e a segurança necessárias aos anseios da MB. Uma vantagem administrativa seria a possibilidade de se contar tempo de embarque/dias de tropa para aqueles que fossem servir nesta OM, fato que motivaria e permitiria que as praças embarcassem nela logo após a conclusão dos cursos de Especialização e de Aperfeiçoamento, reduzindo ou eliminando o número de Cadernetas-Registro embarcadas nos esquadrões, fato que vez por outra causa entraves administrativos aos comandos da área. Fato decorrente, não poderia deixar de mencionar que haveria mais um comando para oficial APAV, que poderia ser de CMG ou CF.

Como desvantagens, aparentam ser a verba necessária para se criar uma nova OM, contudo as instalações do atual Departamento de Manutenção de Aeronaves da BAeNSPA poderiam ser aproveitadas, conforme dito acima. Se o local desta nova OM fosse lá mantido, algumas obras teriam que ser feitas, como: construção dos gabinetes do Comandante e do Imediato, divisórias para salas dos novos departamentos que serão criados, etc, que creio não causar grandes transtornos em termos de obras. Poderíamos almejar a implantação deste esquadrão como estrutura departamental , conforme abaixo esboçado:

ESQD MNT ANV

CMT

IMTO

Mnt
UH-14
Mnt
SH-3A
SH-3B
Mnt
UH-12
UH-13
Mnt
AH-11A
Mnt
IH-6B
Mnt
AF-1
Seg.Av   Adm

Obs:

a) As divisões seriam ,em princípio, as mesmas atualmente de seus esquadrões de origem. O Departamento de Administração seria composto pelas divisões de Pessoal, Serviços Gerais, Informática e Suprimentos e uma sugestão preliminar seria de que os seus encarregados fossem, preferencialmente, do Quadro de Oficiais Auxiliares ou Quadro Técnico especializados em aviação. No caso específico da Divisão de Suprimentos, poderia lotar um oficial do CIM ou do QC-IM, já que esta divisão terá , naturalmente atribuições maiores do que às atuais de seus esquadrões de origem.

b) Os oficiais APAV seriam "asas" de seus esquadrões de origem e concorreriam normalmente à escalação de missões, de acordo com as normas em vigor.

A obrigatoriedade de estreitos relacionamentos entre o EsqdMntAnv e os outros esquadrões que por ele serão apoiados poderia contribuir para abrandar uma desvantagem à vista diante de problemas corriqueiros, como escalação de equipe de manutenção para a composição de um Destacamento Aéreo Embarcado(DAE), por exemplo.

Mesmo havendo a necessidade da construção de um hangar maior para a instalação deste esquadrão e que o aumento do efetivo da TL(Tabela de Lotação) em relação ao constante proposto pela BAeNSPA para o Departamento de Manutenção de Aeronaves, no início de 1997,seja considerado fator complicador por escassez de pessoal necessário qualificado para mobiliar esta futura OM a curto prazo, ainda assim creio que a relação custo X benefício seja favorável à criação do Esquadrão de Manutenção de Aeronaves, posto que certamente o retorno seria verificado a médio e longo prazo em relação à melhoria dos serviços de manutenção de aeronaves.

Senhores leitores, falta pouco! Se chegaram até aqui, devem ir até o final.

Necessidades Administrativas

Relacionarei agora algumas das várias necessidades administrativas que no momento imagino serem importantes para a implantação da estrutura de Estado-Maior e para a criação do EsqdMntAnv ,além é claro, da aprovação pelas autoridades competentes:

a) Alteração e/ou elaboração nos documentos já por todos conhecidos : Normas Padrão de Operação (NPO), Normas Padrão de Manutenção(NPM) e as diversas Ordens Internas, visando à adaptação do HU-2 a esta nova organização e no caso do EsqdMntAnv, no tocante ao atendimento de sua finalidade;

b) Alteração/elaboração de novas propostas de TL (Tabela de Lotação) para os dois casos, pelo mesmo motivo acima, que fatalmente implicará em um aumento de 10 a 15% das já propostas para oficiais e praças e estudos para incremento na formação de mais especialistas em aviação, incluindo praças OR-CV e RV, estas últimas para mobiliar a Seção de Operações do HU-2;e

c) Estudos dos locais apropriados para o funcionamento das novas sub-seções (para o HU-2) e das novas divisões(para o EsqdMntAnv),de modo a obter um maior entrosamento no trabalho do dia-a-dia.

Sugestão

Das muitas que poderiam surgir, escolho uma para que os caros leitores possam refletir: a não classificação do EsqdMntAnv como OM Prestadora de Serviços(OMPS), posto que sua finalidade precípua seria a manutenção de aeronaves com o mínimo de entraves administrativos.

Conclusões

Concluo que as principais vantagens destas propostas se implantadas sejam:

Para o HU-2:

a) Aumento de coordenação e controle das atividades de um modo geral; e

b) Trabalho mais direcionado para o estudo e pesquisa das operações do esquadrão.

Com a criação do EsqdMntAnv teríamos, em suma:

a) Melhoria na qualidade e na presteza dos serviços de manutenção de aeronaves; e

b) Elaboração de uma política bem definida de manutenção de aeronaves, que seria baseada na finalidade desta nova OM;

Como desvantagens, posso inferir:

Para o HU-2:

a) A curto prazo, dificuldade de adaptação desta nova organização, em virtude do pessoal não ser habituado a trabalhar em estado-maior e por ser necessário o cumprimento das necessidades administrativas citadas anteriormente; e

b) Dificuldade da adaptação inicial da substituição do Departamento de Manutenção pelas Seções de Logística e Manutenção de ANV, o que incluiria a transferência do pessoal especializado para a BAeNSPA ou para o EsqdMntAnv ,se esta OM for criada. Haveria também um tempo para a conclusão dos estudos sobre responsabilidades de inspeções e reparos e tipo e quantidade de material a serem armazenados no esquadrão e na BAeNSPA ou EsqdMntAnv, se este último for criado.

Para o EsqdMntAnv, vejo como desvantagem a dificuldade inicial da sua implantação, caracterizada pela necessidade de elaboração de uma política de manutenção e da natural resistência à mudanças que, a bem da verdade, é fato comum à MB e à toda sociedade brasileira.

Como última observação, chamo atenção para o caso da implantação da nova estrutura organizacional do HU-2 e a não aprovação da criação do EsqdMntAnv. Inicialmente, poder-se-ia pensar em movimentar as praças especialistas do esquadrão para o DepMntBAeNSPA, todavia vários óbices viriam à tona, como aumentos de entraves administrativos, entre outros.

Como os leitores puderam comprovar, todo o trabalho acima foi baseado em evidenciar as atividades fim do EsqdHU-2 e do "futuro" EsqdMntAnv, sempre no encalço de objetivos comuns, como a melhoria dos serviços de manutenção das aeronaves, o incremento do controle e coordenação no esquadrão no planejamento de suas atividades, acrescido do aumento da segurança nas operações aéreas.